Em miúdo eu tinha uma bola. Tinha A bola. Eu era o dono, logo, quando havia pénalti contra a equipa contrária, era eu que apontava o castigo máximo, caso contrário já se sabe ao que eram sujeitos os contestarios. O problema é que se todos me obedeciam, a bola não. Teimava em sair fora do enquadramento da baliza ou direitinha as mãos do guarda-redes.
O meu primo, mais velho que eu, amante do Benfica, mas que chegou ia treinar nos juniores do Sporting, deu-me a táctica: vais deixar de marcar em jeito. Pões a bola na marca e depois só te preocupas em dar uma biqueirada com toda a força.
Queria ele dizer: um ganda pontapé de bico e fé em Deus.
Ao ouvir hoje o debate na Assembleia sobre o OE 2012 da parte do Governo e bancadas apoiantes se ouviu apenas: nada será como dantes, acreditamos no povo português,nós estamos aqui para fazer como deve ser, é inevitável, foram os outros, acredito que o meu primo tenha sido contratado como consultor deste Governo, e que se terá mantido fiel aos seus princípios tácticos: OE na marca,biqueirada para a frente e Deus queira que dê resultado.
Não precisa o Governo de me contratar para saber o que me aconteceu com os penaltis de biqueira, eu revelo: aumentou a eficácia, pouco mas aumentou, mas não demorou muito para que a minha mãe me tirasse a bola devido ao aumento de vidros de janelas partidos e das unhas do dedo grande do pé direito encravadas.
Quanto à biqueirada do Governo com o OE 2012 foi à figura, mas disparado com tal violência que meteu guarda-redes e tudo pela baliza dentro.
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