23 maio 2011

O Dr. Passos Coelho e os e-mails das nomeações no Estado

Seria mais fácil um camelo passar pelo buraco d' agulha do que duvidar que o Governo de gestão fosse incapaz de fazer nomeações na Administração Pública. Em 37 anos de democracia nunca foi de modo diferente e até em situações eticamente mais graves do que a colocação de boys and girls em lugares do Estado. Por exemplo, no Governo de Santana Lopes, tendo já sido realizadas eleições, foi assinada uma Parceria Público-Privado por um Ministro que tinha posição de relevo em empresa privada do grupo SLN, grupo que é maioritário na empresa da parceria. E muitos outros casos deve haver envolvendo todos os partidos que passaram pelos Governos democraticamente eleitos. Entenda-se que isto não branqueia qualquer nomeação eticamente indevida levada a cabo por o actual Governo de gestão.

Adiante. O que interessa são as declarações do Dr. Passos Coelho que diz que lhe foram entregues e-mails onde são dadas ordens para que as ditas nomeações não fossem publicadas no Diário da República e que esses documentos vieram da Administração Pública.

O que se depreende destas declarações é que algum ou alguns funcionários da Administração Pública não afectos ao PS (e provavelmente simpatizantes do PSD, digo eu) quebraram o dever (ético, pelo menos) de sigilo profissional ao disponibilizarem a entidades externas documentos da Administração colocando-os ao serviço de uma campanha partidária.

Caso a actuação dos governantes seja a qualquer título reprovável existem canais e mecanismos para reportar tais factos.

O Dr. Passos Coelho deu um sinal extremamente grave ao pactuar com esta divulgação dos e-mails: os trabalhadores da Administração Pública simpatizantes de qualquer força partidária não afecta a um Governo do PSD podem disponibilizar documentos que não tenham classificação de segurança.

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