30 setembro 2011

"As Ondas", Virginia Wolf

É-me impossível escrever sobre As Ondas, romance de Virginia Wolf, sem cair no lugar comum de citar Jorge Luís Borges: não há argumento, não há conversa, não há acção.
Virgínia Wolf utiliza as falas de cinco personagens que se referem a um sexto que nunca aparece para ela (se) expor os sentimentos, ilusões, explanar os pensamentos. Mas se as falas dos personagens são escritas em discurso directo, elas não se dirigem a ninguém, nem sequer ao leitor. Virginia Wolf fala consigo própria ao sabor e ritmo do seu pensamento. Pensamentos que, em fluxo e refluxo, se formam e se perdem como as ondas.

Não tendo argumento, como diz Borges, As Ondas, é um livro que não apetece acabar (no sentido de lhe conhecer o fim) e pode ser sempre retomado em qualquer página ou saltado para várias páginas adiante. Pode ser lido como se lê um salmo da Bíblia: lê-se uma passagem e fica-se a desfrutar.

Para ser um grande, grande livro falta-lhe arcaboiço (o que quer que isto signifique). Também escrevi ao sabor do que senti), mas, sem dúvida, a ler.

28 setembro 2011




Um Amor Sem Tempo está na lista dos concorrentes ao Prémio Literário Casino da Póvoa 2012.
A partir de agora é que é a sério. Será que entra na short-list?

27 setembro 2011

VISÃO DA ACTUALIDADE DA SEMANA

- D. José Policarpo é um homem de pensamento inteligente e sereno. Tão inteligente e tão sereno que muitas vezes torna convincentes as suas defesas (legítimas) das posições mais conservadoras da Igreja Católica. No entanto, na última entrevista que deu ao JN teve um grave deslize ao afirmar que "ninguém sai de mãos limpas da política" para justificar o não envolvimento dos bispos na política directa.
A frase, por não ter sido (propositadamente?) explicada é passível das mais variadas interpretações que lançam labéus sobre os políticos: corruptos?, falta de ética?, mentirosos?, incompetentes? Estes "pecados" não estão todos no mesmo patamar e há muitos políticos que não são nada disto.
Quem tem telhados de vidro...arrisca-se a que se lhe responda: "não queremos ser padres, porque sabemos aos pecados a que isso conduz".

- A entrevista - muito fraca - do Primeiro-Ministro à RTP teve um momento alto: o não caucionamento dos desmandos do Dr. João Jardim na governação da Madeira. Dirão que o PM não tinha outra hipótese. Não teria, mas o Primeiro-Ministro evitou as piruetas e malabarismos a que estamos habituados e retirou a confiança (não apenas a política) ao governante da Madeira. Eu não preciso de mais, parabéns Dr. Passos Coelho.

- Segundo o Correio da Manhã, só os quadros de Miró detidos pelo BPN valem o dobro do que o Eng.º do PSD, perdão, o BIC pagou pelo banco. Sabemos como são estipulados os valores de obras-de-arte, e estas só valem efectivamente se houver compradores interessados. Mas o facto relevante é a forma como foi gerida a nacionalização e privatização do banco. Grave: ainda ninguém foi condenado (lembram-se do Madoff?) e todo este tempo serviu apenas para um Tribunal se declara incompetente para julgar uma queixa.

- O contorcionista e malabarista de serviço, Dr. Miguel Relvas, declarou que a auditoria à contas da Madeira era técnica e não política. Tentou enganar os portugueses o Dr. Miguel Relvas. A auditoria é técnica para avalizar ou condenar as políticas de um político.
O Dr. Passos Coelho perderá pontos na sua credibilidade se a auditoria não for conhecida antes das eleições na Região Autónoma.

- Livro da Semana: A Rapariga Que Sonhava Com Uma Lata de Gasolina E Um Fósforo, Stieg, Larsson, recomenda-se à Sr.ª Merkl que insiste em comportar-se como pirómana.