07 abril 2011

6 de Abril, um dia triste para a União Europeia

Escrevi há bem pouco tempo que o Primeiro-Ministro cometia um erro de avaliação ao pensar que seria imbatível ao contrapor argumentos racionais e lógicos ao simples desejo de todos os actores nesta situação de crise para que Portugal solicitasse uma intervenção externa. Além disso Sócrates sentir-se-ia respaldado pelos nossos parceiros europeus – apontavam nesse sentido as declarações públicas da Sra Merkl, do Sr. Trichet, do Sr. Durão Barroso que diziam estarem confiantes nas medidas adoptadas por Portugal.

Afinal ss desejos tornaram-se realidade e ontem Portugal pediu intervenção externa.

Diz Ricardo Costa, do Expresso, que o Primeiro-Ministro deitou a toalha ao chão. Não me parece, embora o resultado final seja o mesmo, o PM não deitou a toalha ao chão, foi empurrado para fora do ringue por adversários (mercados) e árbitros (União Europeia).

O Eng.º Sócrates, assumido General, cometeu segundo erro contrariando todos os manuais da estratégia e táctica militares: em vez de observar a batalha de ponto recuado e de visão privilegiada, avançou à frente das tropas e esqueceu-se de olhar para trás. Quando olhou não estava lá ninguém. A União Europeia debandara, os banqueiros portugueses tinham hasteado a bandeira branca.

Se estes factos são irrelevantes para o curto (e possivelmente médio) prazo da História de Portugal, não o são para a História da Europa.

Com Portugal, no espaço de um ano, a ser o terceiro país da Zona Euro a recorrer a intervenção externa (que não tem resultado como previsto nos casos da Grécia e da Irlanda), a Europa demonstra que estão em causa as bases de uma zona económica mundial que se pretendia una e solidária. Sem enjeitarmos as nossas responsabilidades sobre as dificuldades que enfrentamos, afirmo que o dia 6 de Abril de 2011 foi, quase de certeza, o dia mais triste para a Europa desde a criação da moeda única. A União Europeia, a Velha Europa, demonstrou não estar em condições de ombrear com os grandes espaços e mercados económicos actuais: Estados-Unidos, China, Brasil e até “alguma” África num futuro próximo.

05 abril 2011

A astrologia e ajuda externa

Questionado sobre a possibilidade da astrologia ter influência sobre o sobe e desce das bolsas, alguém (não me lembro quem) respondeu que sim, que era perfeitamente possível se os investidores passassem a tomar as suas decisões baseados no horóscopo.

O Primeiro-Ministro continua firmemente convencido e determinado em evitar/atrasar o pedido de ajuda externa possivelmente baseado nos dados que tem sobre as finanças públicas. Mas, quando a sua voz é única (a voz do PM e do PS é uma só) e todas as outras clamam pela dita intervenção (é um termo mais adequado do que ajuda), o Eng.º José Sócrates deverá também tentar compreender o que ditam os oráculos. Não é possível acalmar os mercados, as agências de rating, os bancos financiadores, os investidores quando o país dos influentes, dos sábios, dos fazedores de opinião, da oposição, do Presidente da República (que ensinou os jornalistas que não se diz FMI, mas FEEF), do Presidente da União Europeia já determinaram que é necessário recorrer aos Fundos.

O Eng.º José Sócrates diz que tudo fará para tentar evitar a intervenção externa, mas comete um erro de avaliação ao pensar que a “obrigação” do pedido de intervenção não possa ser comandado pelo “horóscopo”, ou seja por factores, mais ou menos ocultos, que ele não controla.

Nota: enquanto escrevia esta crónica vi passar em rodapé de um canal de televisão que uma agência de rating acaba de cortar a notação de 6 bancos portugueses.

04 abril 2011

O "apagão" da Luz

O Futebol Clube do Porto conquistou ontem o 25º título de Campeão Nacional de Futebol. Fê-lo, amealhando os pontos necessários com uma vitória em casa do mais directo rival dos últimos anos e nomeadamente deste campeonato.
O jogo não era de vida ou de morte, pois o FCP, a cinco jornadas do fim, acabaria, mais tarde ou mais cedo, por conseguir os três pontos em falta para se sagrar campeão. Apimentou-se o jogo, tal como no ano transacto, com uma conquista adicional que seria a de fazer a festa no estádio do adversário.
O FCP ganhou por 2-1 atingindo o objectivo. Que mais haveria para fazer ou para contar? Nada. Por isso, os responsáveis benfiquistas, ao contrário do que dizem os comentadores, em tempos de austeridade deram um exemplo ao país: pouparam no consumo de energia, apagando de imediato as luzes do estádio, e activando o sistema de rega fora das horas de Sol e de mais calor para evitar maior evaporação, poupando água.