10 dezembro 2011

O Eng. José Sócrates deu um tiro no pé.

O Eng Jose Sócrates escorregou, a arma disparou-se e deu um tiro no pé. Não se conteve e encurtou o período de nojo de afastamento da política interna do país, que se desejava, para bem do próprio, mais prolongado. Deu o dito tiro numa sessão com alunos de uma faculdade ao pronunciar-se sobre dívidas e déficites (não são a mesma coisa), de como se pagam e não se paga, de infantilidades e de como teria estudado todas estas matérias. E atingiu o seu pé e atingiu-nos a todos porque os defensores da política Dr. Passos Coelho/Dr. Miguel Relvas/Eng. Ângelo Correia, assim como muitos comentadores que tinham metido a viola no saco, receberam um balão de oxigénio.

Propositadamente deixei acalmar a sanha anti-socrática e a reacção defensiva para explanar a minha leitura das declarações da "desgraça". Inclusivamente o Eng. José Sócrates já veio aclarar que nunca pretendeu dizer que Portugal não devia pagar a dívida. E se teve que voltar à liça para esclarecimentos é por que o que foi dito, por si só, não tornava evidente o pensamento do Eng. José Sócrates e muito menos vai a tempo de emendar a mão porque o vídeo pulula nas redes sociais e sem trazer anexado o posterior esclarecimento.

O que uma noite bem dormida sobre as resoluções de uma Cimeira Europeia, comandado a toque de caixa pela Alemanha (já nem digo Sr.ª Merkel), mostra à saciedade a causa das coisas e que o pecado do Eng.José Sócrates foi ter-se deixado embalar na sua governação pela sereia da dívida virtuosa cantada pelos mercados e pelos Estados com poderosos sistemas financeiros que alimentam essas dívidas dos países com economias mais débeis. Os países, todos, não apenas os mais pequenos, foram aliciados pelos sistemas de crédito fácil e barato para gastarem em obras de regime (tecnologia importada da Alemanha, França, etc) e depois apareceram os credores a dizerem que só emprestam mais dinheiro se os juros forem temperados com cicuta. O Eng. José Sócrates pode não ter estudado o que disse em Universidades de renome, mas que o "endivida-te, e viverás melhor" era apregoado em fóruns internacionais pelos mais acérrimos defensores do liberalismo, era.

A quem interessa que pessoas, famílias, empresas e Estados se endividem? A resposta é ao sistema que é apologista do maior número possível de transacções num mercado gerido pela lei da oferta e da procura. E como se consegue que todos tenham sempre dinheiro disponível para aumentarem consecutiva e exponencialmente o número de transacções? os Estados, como as pessoas, só podem oferecer se tiverem dinheiro. Se não têm dinheiro próprio, empresta-se.
O que é que se faz a um jogador de póquer que está a perder tudo? Expulsa-se da mesa? Não, emprestasse-lhe mais dinheiro - aprende-se na "universidade" dos filmes americanos. Depois, em casos extremos, cobra-se coercivamente.

O Eng. José Sócrates, nas declarações proferidas, freudianamente, confessou o seu pecado: pensou que poderia ser comandado pela política e economia neoliberais enquanto precisava, depois cortava as amarras.
O Eng. José Sócrates foi, na ocasião o instrumento, mas os verdadeiros culpados da situação de Portugal estão a montante.

O erro do Dr. Passos Coelho é que pensa que por dizer "eu sou dos vossos" tem uma maior complacência por parte do sistema neoliberal. Aliás é bem notório como a Chanceler Merkel e o Presidente Sarkozy têm um pensamento alinhado com Massamá e estranha-se que não existam task-forces, reuniões, delegações, o que quer que seja, de Portugal, Grécia, Irlanda, Itália (e outros países se juntarão)para ter posições concertadas no seio da União Europeia e nos mercados internacionais.

06 dezembro 2011

VISÃO DA ACTUALIDADE DA SEMANA

- Entrevista do Primeiro-Ministro à SIC (30 Nov.)- É muito grave quando, na situação actual, a única coisa de substância que o PM de Portugal tenha dito numa entrevista seja que admite a possibilidade de confiscar os subsídios de férias e de Natal aos trabalhadores da actividade privada, tendo-se recusado a fazê-lo poucos dias antes num local bem mais adequado: o Parlamento Significa que não controla a situação, e não controla porque como todos os outros líderes da União Europeia abdicou de salvar quem precisa ser salvo: o povo, não os Bancos.

- O Fundo de Pensões da Banca "dá" dois mil milhões ao Orçamento deste ano - Sem esquecer que esta passagem dos Fundos privados para o Estado não passa de um balão de oxigénio, porque no futuro, estes trabalhadores terão de ser pagos pela Segurança Social, o Primeiro-Ministro e o Ministro das Finanças mentiram ao país. E mentiram porque quiseram, porque poderiam ter dito que era sua opção política aplicar este dinheiro no relançamento da economia em vez de poupar um corte no subsídio de Natal dos portugueses. Era contestável, assim é condenável.

- O maior fosso entre ricos e pobres do últimos trinta anos (5 Dez.) - A OCDE,num estudo para 34 países, revelou que os dez por cento mais ricos da população se tornaram ainda mais ricos e que "A desigualdade em Portugal mantém-se assim entre as mais elevadas deste grupo, na sexta posição quando considerada a diferença entre os rendimentos dos 20% mais ricos e os dos 20% mais pobres, que é de 6,1 vezes – face a 5,4 vezes para o conjunto dos seus 34 membros". É bem verdade que vivemos acima das nossas possibilidades, o fosso ainda não é demasiado grande.

- Livro da Semana - "Os Lusíadas", de Luís Vaz de Camões, recomendado a todos os portugueses para que quando o único feriado que restar para cortar seja o 10 de Junho, possamos gritar bem alto e de cor a gesta lusitana

04 dezembro 2011

A POLÍTICA DE TRANSPORTES E DE AMBIENTE


Ontem estava um bonito dia de outono e um passeio pelo Chiado é sempre um programa apetecível. Associei-me à minha mulher e fomos os dois para a Baixa de Lisboa. De carro. De carro, sim, de carro.
Moro numa zona em que preciso de tomar dois transportes, ou uma longa caminhada a pé e o Metro, para ir até ao centro da cidade. Caso optasse pela segunda hipótese, visto não irmos, e muito menos pensarmos em vir, carregados com qualquer embrulho, pequeno que fosse, o custo total da deslocação seria de 4,20 euros. O parqueamento custou, por duas horas, em "zona nobre de parquímetros" (a mais cara) 3,2 euros ao que acresce custo do combustível, manutenção e desgaste do veículo. Só que tive transporte de porta a porta.

É este o modo de incentivar a procura de transportes públicos, aliviar o stress do tráfego automóvel sobre a cidade e diminuir a poluição?