15 dezembro 2011

O MEU BAIRRO

A minha amiga Filomena Alves lançou um desafio para que seus amigos escrevessem sobre os respectivos bairros, de habitação pressupõe-se. (Um parênteses, a Filomena é uma das executoras/editoras/mentalizadoras/etc/etc/etc. da revista luso-castelhana-marroquina (árabe) "Manga Ancha" de elevada qualidade literária e gráfica). Dizia eu, que "o meu bairro" bairro se pressupõe ser aquele onde se habita. Porque "o meu bairro" pode ser onde se trabalha, onde se encontra a pessoa amada, onde se foi, se é feliz, ou..., aquele onde nunca se esteve.
Eu não tenho bairro. Ou antes, tenho, mas nunca lá estive. Pertenço à categoria dos eternos insatisfeitos, e ao mesmo tempo crentes, de que existe um bairro, um bairro especial que tem, assim a modos que, o melhor dos mundos de todos os bairros por onde passei.
E, se para satisfazer, com todo o gosto, o pedido da Filomena, eu descrevesse esses bairros, um deles, por ando e andei,estaria a falsear o desiderato inicial, porque por definição (minha)se lá estive, esses não são, nunca foram os meus bairros. "O meu bairro" está sempre lá mais à frente, e amanhã, todos os amanhãs, tentarei lá chegar. Se um dia lá estiver, depois conto.

E quando vejo imagens tiradas do espaço sideral de uma esfera, achatada nos pólos, azul, manchada de brancos, penso: definitivamente, este é o meu bairro, e não mais do que isto.

13 dezembro 2011

VISÃO DA ACTUALIDADE DA SEMANA

- Cimeira Europeia - A Cimeira serviu para mostrar o poderio da Alemanha sobre a soberania dos Estados membros do Euro, cujos (fracos) líderes políticos se prontificaram a dizer ámen às propostas/imposições germânicas. Ao fim da tarde de sexta-feira, as Bolsas encerraram em alta, proclamando os doutos analistas que se devia ao sucesso da Cimeira. Durante o fim-de-semana as agências de rating disseram cobras e lagartos sobre a Cimeira, do Reino Unido e dos Estados-Unidos vieram as mais severas críticas à inoperância da Europa e, na segunda-feira, os juros para Portugal, Espanha e Itália subiram e as Bolsas fecharam em forte queda.
Os governantes, em geral, da Europa e os nossos, em particular, estarão de tal modo cegos que não conseguem ver que o que estão a fazer não serve para nada?

- Valor anual do déficite na Constituição - A prova de que não é aos países de Sul da Europa que falta cultura democrática. Se lhes falta, é por não perceberem o verdadeiro alcance anti-democrático se permitirem albergar tal aberração na sua lei fundamental.

- Aumento das taxas moderadoras na saúde - Não há razão para que o Serviço Nacional de Saúde e a Educação não sejam tendencialmente gratuitas (para outra ocasião o que se deve pagar nestas duas áreas).
A Saúde poderá até ser gratuita se os dinheiros públicos forem eficazmente aplicados e se a gestão das unidades de saúde for eficiente. O aumento das taxas moderadoras, das consultas e dos cuidados de saúde não resolve nenhuma das questões atrás colocadas. O aumento torna mais racional a procura mas mantém os desperdícios e ineficiências da gestão.
O acesso aos cuidados de saúde e à educação não é um problema económico, é um problema político e ideológico.

- Livro da semana - Mau Tempo No Canal, de Vitorino Nemésio, recomendado apenas porque é um excelente livro e que me veio à ideia, embora ao Canal seja outro, devido à continuada separação entre o Reino Unido e a Europa (desta vez sem culpa para os britânicos).