15 setembro 2011

Quem tem medo de Virgínia Woolf?

A primeira vez que contactei com Virginia Wolf não foi através da própria,mas de Mike Nicholas, realizador de "Quem tem medo de Virgínia Wolf?", baseado na peça homónima de Edward Albee.
O único receio que me atormentou foi ter uns quinze anos quando o filme estreou e ser para maiores de 18 anos. A tarefa de entrar no cinema para fitas de maiores de idade era espinhosa mas exequível. Punham-se uns óculos escuros, comprava-se bilhete para a primeira matiné (sessão das três) de um dia de semana e lá íamos. Se o porteiro perguntasse pelo BI, puxava-se da carteira, procurava-se afanosamente e dizia-se ter de o ir buscar a casa. Via de regra, o porteiro franqueava a passagem. Ficávamos convencidos que a permissão de entrada se devia ao plano superiormente arquitectado e não à condescendência do porteiro.

No fim do filme fiquei curioso em conhecer Virginia Wolf porque aquela personagem que Elizabeth Taylor encarnava não era Virginia Wolf. Li, então, Mrs. Dalloway. Em boa verdade não me recordo qual a minha reacção à obra. Por isso, passados mais de quarenta anos vou-me reencontrar com Virginia Wolf, vou ler As Ondas.

Mas, quando deparei na estante com As Ondas a primeira ideia não foi conhecer melhor a escritora, mas agradecer aos porteiros dos cinemas (já desaparecidos) Roma, Alvalade, Império/Estúdio, Monumental, Estúdio 444, por me terem dado acesso a muitos e muitos filmes antes da idade que a moral vigente considerava adequada.

13 setembro 2011

VISÃO DA ACTUALIDADE DA SEMANA

- Congresso do PS: Os congressos partidários são por via de regra sessões litúrgicas chatas (exceptuando aquela em que Luis Filipe Menezes chorou) viradas para dentro e das quais não se esperam grandes tiradas para os problemas do país. O congresso do PS que decorreu em Braga não fugiu a regra. Talvez o local mais adequado para a sua realização fosse a margem sul do Tejo porque quanto a ideias foi um deserto.

- Falta de preparação dos Ministros: O Ministro Paulo Macedo anunciou que iria reduzir a despesa na Saúde deixando de comparticipar a pílula e três vacinas. Face à contestação generalizada, pirueta, e disse ser apenas uma hipótese em estudo. Sendo assim, pergunta-se: porque anuncia o Governo apenas esta hipótese? Se esta é uma possível solução, quais as outras? Ou o Governo só estuda uma solução de cada vez?

- Grécia: O berço da Civilização Ocidental está na falência. A Civilização Ocidental esta-se nas tintas para o seu berço. Alias, os berços costumam ser arrumados partidos, desconchavados, numa arrecadação ou um sótão.


- 11 SET. 2001 a 11 SET. 2011: Dez anos que não descansaram o mundo.

- Livro da semana: O Idiota, Fiódor Dostoievsky. Todas as semanas tenho tido a tentação de recomendar este livro a alguém. Tenho-o evitado temendo o efeito boomerang. Mas esta semana não há hipótese de fuga: O Idiota para o Comissário Europeu Alemão Günther Oettinger que disse que as bandeiras dos países endividados deviam ser colocadas a meia haste nos edifícios europeus.

11 setembro 2011

9/11

1 - Dez anos transcorridos após o ataque terrorista às Torres Gémeas (e ao Pentágono) estamos tão vulneráveis como estávamos antes e com uma maior sensação de insegurança, porque há dez anos, a esta hora que escrevo, ainda não nos passava pela cabeça que uma insanidade como aquela que muitos de nós assistiram em directo fosse exequível. O facto de passarmos a considerar reais estes atentados e as autoridades terem fechado mais alguns buracos nas malhas do terrorismo, não significa que muitas portas de entrada não continuem abertas. Se nos detivermos na facilidade que há em adquirir material para fabricar bombas, da facilidade de encontrar na internet métodos de fabricar bombas, das mais artesanais a algumas com elevada sofisticação, questionamo-nos como é que não há mais atentados.

2 - Qualquer acto terrorista é abominável, independentemente, das suas causas e proveniências. Não alinho, pois, com as vozes "sou contra, mas...é preciso ver que; é preciso ir ao fundo da questão". Perante um acto terrorista não há compreensão possível. Os responsáveis devem ser procurados e castigados.

3 - Não sou americano por acaso, a minha avó materna esteve dezasseis anos emigrada em Boston, e por a ouvir falar e contar coisas da sua América e de a ouvir falar no seu americano que me encantva em que muitas consoantes eram engolidas, desde muito miúdo que sou americano (como também vim a ser outras nacionalidades por outros motivos) e quando vi o segundo avião embater na segunda torre, foi como se esse avião tivesse chocado contra a minha avó.
No dia 11 de Setembro de 2001 passámos a ser todos americanos. Quer queiramos, quer não, não o éramos já antes? Não é porventura a América o país que mais emigrantes recebeu em trezentos anos, de origens, cores, línguas, credos mais diversos? Nós que no pós-guerra crescemos com o Super-Homem, Hemingway, o Empire State Building, John Ford, Beach Boys, o Oeste Selvagem, a Coca-cola (proibida), o Flower Power, Orson Wells, o Windows, Comarck Maccarthy, Spilberg, o Blogger do Google, pelo qual estamos a comunicar, as Torres Gémeas, não éramos já americanos?

4 - Em memória de todas as vítimas de todos os atentados terroristas.