01 novembro 2012

O COMPLEXO DE PORTNOY, Philipe Roth, D.Quixote

Muito possivelmente os judeus são o único povo do mundo que goza consigo próprio para se enaltecer, para além de assim retirarem a iniciativa da gozação aos detractores e inimigos. E são bastantes os exemplos daqueles que usam desta faceta "judaica" com críticas inteligentes, directas e certeiras.

O Complexo de Portnoy, que adiciona a crítica aos judeus, a crítica aos genitores - sendo a ordem das parcelas arbitrária -, não é um romance na acepção comum do termo, mas antes um delirante percurso "monologado" através da sexualidade "pervertida" de um judeu desde a infância até à idade adulta, com a sempre presente figura castradora da mãe. Um desfiar romanceado da história de vida íntima de Alexander Portnoy, vida frustrada e frustrante, com episódios picantes, com a incerteza permanente entre o certo e o errado, errado que pratica com maior frequência do que o certo.

Philipe Roth usa e abusa (mas bem abusado) de uma linguagem muito directa, muito explícita (mais parece impossível) das partes e actos sexuais, quer para se referir à função, quer para praguejar. É por isso que, no dizer do próprio autor, a história é contada na cadeira de um psiquiatra, o único modo de tornar a descrição possível e real.

Se alguém procura ler sobre sexo explícito, esqueça definitivamente as sombras de qualquer gray e leia esta obra de Philip Roth publicada em 1969.

30 outubro 2012

VISÃO DA ACTUALIDADE DA SEMANA

- Corte nas pensões mais baixas: diz-se que o corte apresentado era uma das hipóteses em cima da mesa para discussão com os parceiros sociais. Quando um governo coloca à discussão tal medida, está tudo dito: não se detém perante nada nem ninguém. Apenas diante da srª Merkel, da troika, da China, de Angola, das PPP, e outros que tais.

- Francisco Louçã: Durante os últimos anos é inegável que Francisco Louçã se distinguiu entre os deputados que passaram por diversas legislaturas. Distinguiu-se pelo conhecimento, pela preparação das matérias, pela inteligência da argumentação, pela denúncia de factos comprometedores para o bloco central de interesses. É bom, mas não chega. Francisco Louçã falhou redondamente na estratégia de influenciar o curso da História ao tomar o PS como inimigo principal. Influenciou o curso da História entregando de bandeja o poder ao PSD/CDS e grande capital.

- Eleições presidenciais nos EUA: não se esperava que o Presidente, Barack Obama, que queria devolver a esperança aos americanos, estivesse tão periclitante no desiderato de ser reeleito. A psicologia do medo está instalada no mundo ocidental, ninguém quer esperar dez anos por amanhãs radiosos e resplandecentes. Por isso, a mudança brusca de líderes na vã tentativa que algo mude...para melhor.

- Frase da semana: Os portugueses pagam pouco para o que exigem do Estado, ministro de Estado e das Finanças. Tenta o ministro inverter o paradigma, pois o que se verifica é que o Estado cuidou mal (não aplica e potencia) do que os portugueses pagavam e não se vislumbra que esteja a aplicar melhor (sem contar com o serviço da dívida).

- Livro da semana: Submissão , de Amy Waldman, uma história muito interessante em volta da atribuição de um memorial para lembrar as vítimas das Torres Gémeas em Nova York. Para aguçar o apetite, só digo que o escolhido é muçulmano.