02 fevereiro 2012

"O Homem Que Viveu Duas Vezes

Disseram-me que devia utilizar exaustivamente a net para publicitar os meus livros. Julgo que seguindo as regras da arte (da publicidade), esta será uma boa maneira (ou não).

/.../ Alcina desapertou-lhe os dois botões de cima da camisa e meteu as mãos por dentro sentindo-lhe a pele e alguns pêlos, poucos, que lhe davam uma sensação aveludada. Afagou-lhe o peito enquanto ele a segurava pela cintura. Abriu-lhe mais a camisa e encostou a cabeça ao peito dele e distinguiu perfeitamente o bater apressado do coração. Ele fez menção de lhe tirar a blusa levantando-a até meio do tronco. Ela desabotoou-a e atirou-a para longe deixando os ombros a descoberto. João Hermínio pousou suavemente os lábios beijando-lhe a pele desnudada. Alcina, instigada por uma ligeira pressão nos ombros, voltou-se de costas. Os dedos de João Hermínio percorreram-lhe o dorso, os polegares tocaram-lhe todas e cada uma das vértebras e nervosamente começou a desapertar-lhe o soutiã. A peça de roupa caiu no soalho, mas os seios de Alcina não ficaram a descoberto. As mãos de João Hermínio tomando a forma de concha cobriram-nos de imediato e seguraram cuidadosamente entre os dedos os dois cumes dos peitos, delicadamente apertou-os e mexeu os dedos como se os rodasse. Alcina arrepiou-se e os mamilos deram sinal de vida avolumando-se e adquiriram uma sensibilidade invulgar.
Alcina e João Hermínio, cada um para seu lado, foram retirando o que tinham vestido. Ela fazia-o lentamente, e cada peça de roupa que ia caindo silenciosamente no chão era uma grilheta que se ia soltando, uma alma nova que se ia formando e tomando conta daquele novo corpo. Ele acompanhou-lhe o ritmo no despojamento de vestes.
Nunca por nunca, ela tinha estado despida em frente de homem. E nunca vira nenhum homem nu. Apesar disso, não sentiu vergonha ou timidez. Experimentou apenas a sensação de que a nudez perante outrem é o maior sintoma de fragilidade e de ausência de defesas, mas, que em pé de igualdade, quando os corpos se expõem naturalmente na plenitude do anseio de um pelo outro, unicamente contam os olhos que se atraem ou se fecham dizendo «Estou aqui». Descurou a insensatez do seu acto e pensou com prazer redobrado, «estou a pecar Sr. Padre, estou a pecar, mas não acredito que Deus me castigue por isto».
Com beijos, com murmúrios e carícias João Hermínio empurrou-a suavemente para a cama. E ela retribuía os beijos, e recuou lentamente deixando-se cair de costas no leito.
A luz do luar inundava o quarto e deixava perceber o recorte dos corpos que se movimentavam como sombras nas almofadas e lençóis brancos que devolviam a luz que o luar lhes entregava.
Permaneceu estendida enquanto ele a explorava cobrindo-a de beijos, roçando-lhe a face pelo corpo, sugando-lhe os mamilos. Sentia-lhe a boca ávida e a língua húmida que lhe lambia os braços, os peitos, as pernas deixando rastos dessa passagem e que ela desejava se desvanecessem jamais. A língua de João Hermínio circulou no umbigo de Alcina, o que a fez dar um salto de cócegas. Ela fazia-lhe festas na cabeça e nos ombros e sentia o coração a saltar-lhe do peito e a cabeça a latejar. Alcina tomava conhecimento do poder enorme daquela comunhão de sentimentos, de desejos, que de tanto tempo reprimidos se soltavam e estilhaçavam em pedaços. A paixão escorria como mel. Ela sabia, apenas, que queria mais e mais.
Retesou-se e ficou rígida num momento inesperado de prazer quando João Hermínio lhe agarrou o sexo fazendo com que dois dedos tocassem mais dentro dela numa carícia de endoidecer. A mão dele subiu-lhe ventre acima até à cabeça e na nuca puxou-a para mais um beijo intenso. Ao mesmo tempo Alcina afastou /.../, in"O Homem Que Viveu Duas Vezes"

31 janeiro 2012

VISÃO DA ACTUALIDADE DA SEMANA

- A Europa precisa de crescimento económico - O discurso dos líderes europeus enveredou, timidamente, pela necessidade de as economias crescerem como solução para debelar a crise financeira.Fantástico, o que esta gente sabe, e que não passa pela cabeça de mais nenhum dos mortais. Por isso, são líderes.

- Campanha de trocas da FNAC - a livraria (?) propõe que troque Os Maias pela Maya, sim a astrologa; os Morangos Silvestres, pelos Morangos Com Açúcar. A publicidade provocadora e chocante - bem conhecida na Benetton - tem o seu espaço e em muitos casos é até extremamente louvável. A publicidade estúpida não tem lugar em sítio algum. É triste que para fazer campanhas de vendas se faça apelo à imbecilidade. E não se trata de considerar imbecis a Maya ou os Morangos (os com açúcar), a imbecilidade está na proposta de trocas.

- Frase da semana - "Descida do défice estrutural e da despesa primária vai abrir possibilidade de cortes de impostos”. O famoso spin doctor, Eng.º Carlos Moedas, trouxe boas novas. Escreveu-as em inglês, talvez para que os portugueses não as percebessem. O Eng.º Carlos Moedas declarou uma evidência. Esqueceu-se, ou quis ocultar, outra evidência e esta bem concreta: em 2011, despesa ficou abaixo do previsto, mas receita ficou muito,muito, muito abaixo. Em inglês de Clinton, it's the economy,

- Livro da semana - O Leitor, de Bernard Schlink, recomendado a quem queira reflectir sobre liberdade e dignidade humana, sobre a diferença entre lei e moral. Um pequeno romance que coloca questões intemporais.

30 janeiro 2012

O 1º de Dezembro


O governo vai acabar com o feriado do 1º de Dezembro. Das razões mais apontadas para o seu términus é a da data não ter qualquer significado porque a memória do povo já não abarca tamanha distância temporal e a Independência Nacional é um dado adquirido, e que venha de lá o mais pintado pedir meças em solidez de fronteiras (Olivença àparte).

Porventura terão razão, pois regularmente somos brindados com entrevistas que supostamente pretendem ser demonstrativas da ignorância da História Pátria, dando os inquiridos a entender que feriado é dia de descanso e não de qualquer comemoração ou rememoração de como aqui chegámos como Nação e Povo.

Relembremos alguns antecedentes da reposição da Independência Nacional.

- Discutia-se à época se Portugal tinha perdido a soberania, ou não. Diziam que não porque os Filipes eram obrigados a jurar como reis de Portugal, mantendo assim o país a sua independência, só que governado pelo mesmo monarca de Espanha que impunha a sua política de finanças.
(Talvez a situação tenha semelhanças com a actualidade, pois uma "contabilista" espanhola, a duquesa de Mântua, tomava conta "disto", acolitada por alguns nobres mais subservientes ou com olho nalguma prebenda).

- Os Filipes distribuíram benesses pela aristocracia portuguesa, especialmente pela Casa de Bragança, por ser a mais directa putativa pretendente ao trono, para manter a "paz social" e suster outras veleidades. Talvez não se devesse ao acaso o facto de D. João de Bragança (futuro D. João IV) ser o comandante do exército português e, diz-se, um dos mais ricos, senão o mais rico, nobre da Península.
(Possivelmente não terá sido muito diferente das nomeações para a CGD, EDP, Águas de Portugal, privatizações, código laboral...)

- Os Habsburgos, nomeadamente o ramo espanhol que mandava, ou pretendia mandar, em meia Europa (uma espécie de Comunidade Europeia), viram-se no período de 1600 a 1640 (para nos quedarmos no ano da nossa Independência), a braços com crises independentistas em diversos territórios sob a sua alçada e necessitavam de dinheiro e de outros meios para acorrerem a diversas lutas.
Taxaram e recrutaram os nobres portugueses. Estes recusaram-se a pagar e a integrar o exército espanhol.
(Uma crise ao contrário, hoje vários territórios não pretendem a "independência" mas a continuidade da integração na CE e hoje quem se recusa a pagar são os senhores e há um suserano que também já não consegue pagar).

- Diversas manifestações de revolta tiveram lugar antes de 1640, a mais famosa a do "Manuelinho", em Évora, em que as populações se recusaram a pagar impostos e queimaram os livros das finanças. A razão das rebeliões pouco ou nada teve a ver com grandes tiradas patrióticas, foi a mais prosaica possível: a austeridade e asfixia imposta pelo jugo estrangeiro.
(Parece que nem de propósito, a História repete-se, ou pode vir a repetir-se).

- D. João de Bragança recusou até à última hora assumir-se como chefe dos 40 conjurados. Sentiu sempre relutância em afrontar o "senhor" estrangeiro. Os próprios 40, evitaram sempre o envolvimento do povo, porque o que os movia talvez não se prendesse com grandes desígnios nacionais.
(Hoje, Portugal submete-se aos ditames do eixo Berlim-Berlim, perdão Berlim-Paris, e não há qualquer envolvimento do povo, que não seja pagar).

A melhor maneira de comemorar o próximo dia 1º de Dezembro talvez seja lembrar ao governo esta parte da História, principalmente a deposição (nada de defenestrações ou execuções) dos "contabilistas". O Povo para fazer História não precisa de feriados (embora se vote em dia de descanso semanal).