20 outubro 2012

PP - Partido dos Pedintes

Paulo Portas fez um interregno nas suas aparições públicas oficiais, quer como ministro, quer como presidente do partido (exceptuando as eleições dos Açores). Durante esse tempo tentou saída airosa do governo sem ter o ónus de queda do mesmo e de crise política. Paulo Portas sabe que está entre a espada e a espada:

1 - Se abandona a coligação e o PSD ganha eleições, este não o convidará para nova parceria;

2 - Se ganha o PS, sabe que não será convidado porque o PS não "poderá" fazer coligações com um dos obreiros parceiros da austeridade ao preço do custe o que custar.

Paulo Portas não considerou que sentido de Estado criar uma crise política - em ocasião em que Portugal estava pior do que hoje segundo palavras do próprio - ao votar contra o PEC IV. Hoje considera sentido de Estado votar contra a própria consciência e as declarações há muito propaladas contra aumento da carga fiscal.

Paulo Portas ponderou abandonar o governo e o partido, para que o PP renascesse e como partido novo teria possibilidade de negociar nova entrada no governo. Ao viabilizar o OE13, que lançará milhões de portugueses na pobreza Paulo Portas já encetou a renovação do partido: o PP deixou de ser o partido dos contribuintes, para ser, mais consentâ neo com a sua sigla, PP - Partido dos Pedintes.

17 outubro 2012

VISÃO DA ACTUALIDADE DA SEMANA

- Conferência de imprensa de Vitor Gaspar sobre o OE13: O "ministro" de Estado e das Finanças colocou definitivamente Cavaco Silva do lado onde ele nunca se sentiu à vontade,do lado do povo. Ao criticar o Presidente da República desmentindo-o na interpretação das palavras do FMI, que assume o engano na receita da austeridade, Gaspar anunciou que de derrota em derrota, ele, técnico conceituado, se manterá "orgulhosamente só".

- Os carros do Grupo Parlamentar do PS: O GP do PS mostrou que existem sempre alternativas: a troca de carros-topo-de-gama por carros-topo-de-gama mais baratos. E sempre os portugueses a pagarem porque a democracia tem custos. Mal vai a sociedade em que a dignidade de um cargo tem de viajar de Mercedes ou de Audi (passe a publicidade).

- Cavaco Silva e o Facebook: Cavaco Silva é uma não existência. Não tem voz, não tem rosto, pois nem se tem a certeza de que aquela figura que vemos numa feira, numa conferência, na entrega de um prémio, seja efectivamente Cavaco Silva. O ser usa então o facebook embuído da certeza de que a mensagem veículada através de redes é a evolução do modo como Deus comunicava com Moisés, pelas inscrições a fogo numa pedra.

- Frase da semana: "Quero retribuir ao país o que investiu na minha educação", disse Vitor Gaspar. O cinismo, na acepção dos antigos gregos, é de prática difícil. Não pretende desdenhar, desprezar ou achincalhar o alvo. Vitor Gaspar utilizou o cinismo para gozar com os portugueses. Sem cinismo, com desprezo, os portugueses perdoam-lhe a dívida e recusam mais retribuições

- Livro da semana: O Outono do Patriarca, de Gabriel García Márquez