30 setembro 2011

"As Ondas", Virginia Wolf

É-me impossível escrever sobre As Ondas, romance de Virginia Wolf, sem cair no lugar comum de citar Jorge Luís Borges: não há argumento, não há conversa, não há acção.
Virgínia Wolf utiliza as falas de cinco personagens que se referem a um sexto que nunca aparece para ela (se) expor os sentimentos, ilusões, explanar os pensamentos. Mas se as falas dos personagens são escritas em discurso directo, elas não se dirigem a ninguém, nem sequer ao leitor. Virginia Wolf fala consigo própria ao sabor e ritmo do seu pensamento. Pensamentos que, em fluxo e refluxo, se formam e se perdem como as ondas.

Não tendo argumento, como diz Borges, As Ondas, é um livro que não apetece acabar (no sentido de lhe conhecer o fim) e pode ser sempre retomado em qualquer página ou saltado para várias páginas adiante. Pode ser lido como se lê um salmo da Bíblia: lê-se uma passagem e fica-se a desfrutar.

Para ser um grande, grande livro falta-lhe arcaboiço (o que quer que isto signifique). Também escrevi ao sabor do que senti), mas, sem dúvida, a ler.

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