31 janeiro 2011

"Os assassinatos da Rua Morgue", Edgar A. Poe e a crise


"I will, therefore, take occasion to assert that the higher powers of thereflective intellect are more decidedly and more usefully tasked by the unostentatious game of draughts than by a the elaborate frivolity of chess."

A frase/pensamento supra é de Edgar Allan Poe extraída do conto "Os assassinatos da Rua Morgue". O conto por si só e a colectânea, "Histórias Extraordinárias", em que está inserido, são de uma descritiva e de uma narrativa exemplares, no que à técnica literária do conto diz respeito, obrigando o leitor a um esforço reflexivo suplementar se quiser fruir dos jogos mentais que as histórias encerram.



Na colectânea que li (não sei se são todas iguais) o conto da Rua Morgue é o primeiro, o que é bom porque na introdução deste conto, 4 parágrafos, Poe discorre sobre a inteligência analítica e a inteligência de síntese, (pre)dispondo o leitor a utilizar qualquer delas na leitura dos vários contos de mistério e do macabro, advertindo-o para as características do uso de cada um dos tipos de reflexão em que o uso da intelecto de síntese é muito mais necessário num banal jogo de damas do que num elaborado jogo de xadrez.

Na crise que atravessamos(que não é meramente económico/financeira)somos bombardeados com sucessivas análises, com analistas dos mais diversos quadrantes, qual deles mais analiticamente detentor da verdade do que o outro; nós elaboramos as nossas próprias análises juntando e interligando um número infindável de variáveis fazendo o resultado final jogar a nosso favor.
Portugal necessita de um esforço integrador de soluções dispersas e não de mais análises e de soluções avulsas.

Edgar Allan Poe deu a receita e explicou-a (recorrendo também ao whist, jogo pouco familiar aos portugueses) em quatro parágrafos: joguemos mais às damas e menos ao xadrez.

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