02 maio 2011

O fim de Bin Laden

Nunca me regozijarei com a morte de um ser humano, muito menos se essa vida termina às mãos de outro ser humano, mas a morte de Bin Laden não é a morte de um homem é o fim de um mito com o qual urgia terminar por toda a carga simbólica que carregava.

Bin Laden não terá tido a menor intervenção no recente atentado no Café Argana (onde estive muitas vezes com familiares e amigos) em Marraquexe; não sei se Bin Laden foi ou não o responsável pelos ataques do 9/11; não sei que efectivo poder tinha dentro da Al-qaeda, visto esta organização ser composta por células autónomas. Pouco me importa. O que me interessa é que a figura simbolizava o heroísmo da mais abjecta forma de luta - o terrorismo - por uma causa e a incapacidade dos atingidos (apenas o mais poderoso país do mundo, entre outros) em se defenderem; o que me interessa é que a morte do considerado ideólogo, financiador e dirigente da Al-Qaeda deu por findada essa ideia de impunidade.

No entanto, o terrorismo, nomeadamente o da Al-Qaeda, já conseguiu um nefasto desiderato (que possivelmente nem estaria, nem está no seu horizonte) que atinge um dos mais valiosos valores (o pleonasmo é propositado) das sociedades modernas que é o da privacidade da vida dos cidadãos e do qual estes estão de livre vontade dispostos a abdicarem por temor a ataques terroristas. E o pior é que essa justificação pode ser vir de cobertura para outras acções que nada têm a ver com terrorismo.

Teoriza-se já sobre as consequências desta acção: se o facto da sepultura no mar pretende esconder um corpo que não é o de Bin-Laden, ou se a morte do lidere da Al-Qaeda leva à desagregação da organização com o desaparecimento do homem ou ao recrudescimento do terrorismo com o nascer de um mártir. São sem dúvida aspectos importantes da questão porque não são de descurar quaisquer hipóteses no combate ao terrorismo, pois não sabemos quando algum de nós não poderá estar na hora errada no lugar onde pretendia estar em segurança.

Teria sido melhor capturá-lo vivo e julgá-lo? Talvez. Mas o julgamento recairia apenas na sua responsabilidade como mandante dos ataques às Torres Gémeas, ao Metro de Londres, à Estação de Madrid, ao Café de Casablanca e outros e não o julgamento e penalização do terrorismo.

Pelo que fica dito considero que esta actuação das forças especiais dos Estados-Unidos foi daquelas em que vestiram as “gabardinas claras dos good guies”.

2 comentários:

  1. Carlos!!! É exactamente o que penso! Só que eu não o conseguiria por por escrito. Nem talvez dizê-lo. E nunca com a facilidade com que tu o fazes! Is

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  2. Bin Laden foi morto sob o argumento de que era o terrorista mais perigoso que o mundo já viu, mas se Bin Laden errou, erraram mais ainda os ex-presidentes dos EUA, que mataram milhares de pessoas inocentes no Iraque contra decisão do Conselho de Segurança da ONU que desautorizava a invasão. Ou seja, o terrorismo deles foi pior do que o de Bin Laden, e diga-se de passagem, sem nenhuma punição. Instalaram no Iraque uma onda de insegurança, de terror, transformaram o país num caos, querendo a todo custo implantar ali uma "democracia", como se o povo iraquiano não tivesse opinião, mesmo que para isso tivessem de matar milhares de civis, entre estes, inúmeras criancinhas indefesas. Disseram que invadiriam aquele país sob o pretexto de que ali estavam sendo construídas armas químicas e biológicas, porém, para decepção deles, com reflexo direto no povo iraquiano, nada encontraram. O ataque terrorista de 11 de setembro deixou cerca de 3.000 (três mil) mortos, número este que está muito longe da quantidade de iraquianos inocentes mortos na ação irresponsável dos EUA. Mas, infelizmente, isso ninguém lembra, e o imbecil do presidente norteamericano diz ao mundo, e o mundo acredita, que depois da morte de Osama estamos vivendo tempos de paz em um mundo menos perigoso. A morte de Bin Laden nada mais representa do que apenas uma resposta atrasada ao seu bem elaborado e exitoso plano que pegou os estadunidenses com as "calças na mão" naquela orquestrada ação ocorrida em 11 de setembro de 2001. Os EUA sempre se acharam intocáveis, invencíveis, ou seja, acreditavam em seus mecanismos de segurança que davam a eles a certeza de que jamais seriam surpreendidos. Puro engano, tudo mudou depois daqueles atentados terroristas à tão falada terra de tio San. Hoje vivem aterrorizados, com medo de novos atentados terroristas, reflexo disso é sua constante fiscalização em todo território estadunidense em que haja grande concentração de pessoas. Não se está aqui fazendo apologia aos atos terroristas de Bin Laden, longe disso, simplesmente se está trazendo à baila que tais ações foram infinitamente pequenas frente a tantos outros atos terroristas praticados pelos EUA. Basta lembrar que os EUA não fazem o menor esforço para ajudar o planeta a se livrar dos seus poluentes. No que pese o esforço mundial para vivermos em um ambiente menos poluído, os EUA, em contrapartida, não assinam nenhum tratado, não se comprometem com absolutamente nada, ou seja, continuam poluindo à vontade, e são os que mais poluem, sem que sofram nenhuma sanção, e pior: não se importam com a opinião do resto do mundo. Agem por conta própria sem pedir nenhuma autorização, burlam tranquilamente sistemas de segurança, como fizeram no Paquistão objetivando matar Bin Laden, cuja ação resultou na invasão do espaço aéreo daquele país. Entraram e saíram do Paquistão como se estivessem em seu próprio território, e parece que o governo paquistanês pouco se importou com tal atitude. São, sem sombra de dúvida, terroristas por natureza travestidos de salvadores do mundo. (Cláudio Emerson Cumarú)

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