08 julho 2011

Vamos mudar o Mundo

Costumo dizer que já passei a idade de querer mudar o Mundo. Dito assim por mera facilidade de linguagem, porque a frase está incompleta.
Falta-lhe: de uma só vez e rapidamente, já que a vontade de querer mudar o Mundo mantenho-a como aos 18 anos (as mudanças pretendidas não são exactamente as mesmas).

Poderá parecer contraditório que quanto mais avançamos na idade, pois menos tempo temos, menos pressa temos em que o Mundo mude de acordo com a nossa vontade, ou até já nem nos importa muito que não mude. Resignação? Acomodação? Talvez, em alguns casos, em algumas ocasiões.
Mas, talvez também, porque a maturidade é boa conselheira no acerto das escolhas, na eficácia dos métodos e no realismo dos objectivos; também porque já desfrutámos, ou sofremos, as mudanças que entretanto ocorreram; e finalmente, porque quer queiramos, ou não, o Mundo vai mudar.

E conforme não nos apercebemos da velocidade do movimento de rotação da Terra - apenas vamos paulatinamente dando conta do chegar da noite ou do amanhecer e são factos a que não damos especial relevo -, também temos dificuldade em nos apercebermos das mudanças operadas porque elas vão pé-ante-pé fazendo parte do nosso quotidiano. Se repararmos bem quando ocorre um evento a partir do qual se declara agora tudo será diferente, esse facto não é um ponto de partida, mas a consequência do acumular de pequenas transformações e diferenças. A ditadura em Portugal não caiu com o 25 de Abril; o comunismo não acabou no dia do derrube do Muro de Berlim; o perigo do fundamentalismo islâmico não começou com o atentado às Torres Gémeas. Uma série infindável de pequenas acções levadas a cabo por milhões de pessoas desembocaram nesses acontecimentos charneira.

Se olharmos para dez, vinte, cinquenta anos atrás o Mundo é hoje substancialmente diferente. E se por humildade somos levados a pensar que as transformações realizadas não se deveram também a cada um de nós, mas a cérebros iluminados e mentes poderosas de confundir a árvore com a floresta. Todos e cada um de nós contribuíram com a sua quota parte: revoltando-se, ou não se revoltando; actuando, ou não actuando; protestando, ou não protestando; produzindo, ou não produzindo; orando, ou não orando, gastando, ou não gastando; votando, ou não votando; poluindo, ou não poluindo; pagando os devidos impostos, ou não pagando.

Pequenos gestos que julgamos inconsequentes podem fazer a diferença daqui a uns anos. Tomemos consciência dessas acções que poderão ajudar a mudar Portugal (para melhor) e sintamos orgulho em participar na mudança do Mundo.

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