24 agosto 2011

Eu sou contra o TGV e pelo comboio a vapor

O Álvaro Ministro (sigo a vontade do próprio tratando-o pelo primeiro nome, mas o respeito é muito bonito e senhor sempre é um Ministro da Nação), foi na semana passada a Madrid, a exemplo de Luís Filipe Vieira, para negociar o TGV. Se seguisse o exemplo de Pinto da Costa, eles, os espanhóis, que batessem a cláusula da rescisão do TGV para Portugal desistir dele, ou então nada feito.

O que mais espanta na viagem-relâmpago à capital vizinha foi o titubear do Álvaro Ministro quanto ao "faz-se", "não-faz-se" a alimária que iria, ou irá consumir milhões de euros, quando se sabe que este Governo foi escolhido, entre outras coisas, para que o TGV não se fizesse. O senhor Álvaro Ministro diz que precisa de estudar. Sendo um académico de nomeada em país de grande riqueza, está-lhe na massa do sangue enveredar pelo estudo. Pergunto, porque o senhor não explicou, estudar mais o quê?

O TGV não se justifica pela mais ponderosa das razões: deixariam de se poder captar aquelas fabulosas imagens de cinema da Anna Karenina envolvida no vapor de uma máquina fumegante, a não ser que a máquina do TGV traga incorporado o lançamento de fumos tipo discoteca; ou o comboio a aproximar-se lentamente, largando o vapor, enchendo o écran, na "Manhã Submersa"; ou a espera inquietante d' "O Comboio Apitou Três Vezes", já que o TGV não pára em apeadeiros; ou o comboio, sempre a vapor, a atravessar a estepe russa coberta de neve no "Doutor Jivago"; tantas e tantas cenas ferroviário/cinematográficas que seriam impossíveis se os TGV pululassem por aí, sem esquecer que em "Tão Amigos que nós éramos" seria irrealizável a cómica, impagável, digna dos irmãos Marx, cena das estaladas numa estação aquando da partida de um comboio (não tenho a certeza, mas julgo que este era eléctrico).

Na mesma senda das declarações de Álvaro Ministro, sem titubear, Carlos Moedas Secretário de Estado, ontem, na Assembleia da República, respondeu a todas as dúvidas da execução orçamental...não respondendo (segundo a peça da SIC Notícias). Provavelmente terá de ir estudar porque apresentando apenas aquele gráfico que mostrou, é chumbo pela certa.

Senhor Álvaro Ministro, e demais colegas de Governo, os portugueses votaram em que tinha imensas certezas, em quem detinha a verdade que os iria salvar da amargura e da miséria, em quem tinha no seu seio nomes afamados no mundo da economia e das finanças e que iam acalmar, se não mesmo subjugar, os mercados, por isso exige-se que actuem não seguindo apenas o contrato com a troika. Caso contrário, os portugueses, parece, preferem ficar a ver passar os comboios.

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