10 agosto 2011

A interrupção das férias dos governantes

Os líderes europeus têm mostrado o seu grande interesse à causa pública interrompendo umas "merecidas" férias estivais (uns diazinhos ficam para o ski lá para Janeiro, Fevereiro). Ele foi o senhor Zapatero, a senhora Merkl, hoje, o senhor Sarkozy, o senhor Cameron. E o Presidente Obama ainda nem sequer foi de férias, à parte qualquer retiro em Camp David, que como se sabe não é um local de férias, mas um local de trabalho mais descontraído.

Que se saiba, apenas dois líderes estão de férias: Sua Santidade o Papa e o Primeiro Ministro Passos Coelho.

Porque Sua Santidade trabalha até à hora da morte, não auferindo por isso qualquer reforma, a Segurança Social do Vaticano não padece de qualquer risco de insustentabilidade, e porque o Vaticano não tem de construir auto-estradas, aeroportos, CCB, TGV, etc, o perigo de entrar em incumprimento também não é grande. E não há agência de rating, por mais ateia que seja, que se atreva a pôr em causa o rating triple A concedido pelos Céus. Aliás, a Santa Sé é a mais antiga instituição com triple A: Pai, Filho e Espírito Santo.

Já com o Primeiro Ministro de Portugal a sua partida para férias, via Facebook (isto faz-me lembrar qualquer coisa, não sei o quê, mas faz), é de temer: terá ele ido de férias só para as poder interromper para acorrer a alguma crise (programada)? Mais algum desvio colossal deixado pelo Governo anterior (nunca pela crise internacional, pela inépcia, incompetência da senhora e dos senhores que interromperam as férias) que será preciso todos os portugueses pagarem.

E os portugueses? malandros, que iam passar férias para as Caraíbas a crédito e não as interrompiam; malandros, que compravam casas a crédito porque os bancos não eram proibidos de lhes emprestar dinheiro; malandros, porque não canalizaram parte das suas poupanças para comprarem e venderem acções da SLN ao preço do doutor Cavaco Silva para garantirem uma melhor reforma; malandros, porque gastam dinheiro mal gasto a pagar o BPN para não se incorrer num perigo sistémico (como é que os portugueses foram capazes de comprar "isto" sem sequer saberem o que é um perigo sistémico?; malandros, porque põe os filhos a estudar em cursos que não dão acesso à Administração da Caixa Geral de Depósitos; malandros, porque vão pagar a redução da TSU através do IVA, mas, se houver uma longa recessão, acarretando uma diminuição das receitas de IVA, nada fica garantido; malandros, porque, em caso de dúvida, são sempre os portugueses que são malandros.

Estas, e outras razões, seriam suficientes para nós, portugueses, interrompermos as férias.

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