04 maio 2012

A Visita do Brutamontes, Jennifer Egan, Quetzal

A Visita do Brutamontes aparece-nos com duas cartas de recomendação: o prémio Pulitzer para Ficção (2011) e o National Book Critics Circle Award. Motivos mais do que suficientes para fazerem crescer água na boca e ao mesmo tempo desconfiar. O romance de Jennifer Egan, preenchido por uma galeria de personagens mais ou menos freaks, revisita o mundo do showbiz, da comunicação e do mediatismo, e desenrola-se no passado, presente e futuro, entre 1970 e 2020. Os ingredientes da obra são a conexão de tragédia, farsa, comédia que é comum a todos os personagens e que desemboca yara todos eles, mais tarde ou mais cedo, na visita do brutamontes. Como diz a crítica, uma novela de queda e presumível, (mas improvável, acrescento eu), redenção.
A estrutura narrativa, solidamente edificada na moda do romance norte-americano, desenvolve-se por saltos temporais, de personagens e de situações, deixando, que a ligação entre eles seja feita pelo leitor, encurralando-o, por vezes, em becos sem saída, que só a visita do brutamontes deslindará. O excessivo detalhe e pormenorização retiram alguma força ao impacte que a autora eventualmente queira provocar no leitor. Que o romance é uma provocação aos que habitam o mundo das indústrias cinematográfica e discográfica e a toda uma sociedade que apresenta esse mundo como a forma mais rápida e fácil de enriquecer.
A leitura do romance remete-nos para um déja vu, no sentido literal do termo, desta sociedade norte-americana: não é mais do que um Californication passado a escrito, com menos cenas de cama e de sexo.

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