01 julho 2012

Portugal pós-moderno

No Portugal pós-moderno quem falha os cálculos e objectivos é bom aluno; quem mente para ganhar eleições, depois, na pós-modernidade, apresenta-se como o paladino da credibilidade do pais; antigamente, explicava-se a estatística exemplificando se uma pessoa come um frango e outra come nenhum, em média come meio frango cada uma, no pós-moderno, se uns quantos dão um rombo de nove mil milhões de euros num banco, em média todos os portugueses estão a viver acima das suas possibilidades; antigamente, uma grávida dizia que estava grávida, não estava doente, hoje o subsídio de maternidade é reduzido para ser equiparado ao subsídio de doença; outrora, havia ministros, hoje, só há álvaros; no pós-moderno, enquanto o Estado assume as dívidas de baronetes da política, as famílias que devem a prestação da casa entregam-nas aos bancos; antes havia desempregados, hoje um milhão e duzentos mil oportunistas; na pós-modernidade, deve existir o espírito empreendedor, todos devemos fabricar bonequinhos de barro, patchworks e frasquinhos de compotas para vendermos uns aos outros; no pós-moderno, um governante não erra, é surpreendido pela realidade, nem, tão-pouco mente, tem lapsos; antes, havia um Presidente da República, hoje, um reformado de magra pensão.
Ontem, havia memória das coisas, no pós-moderno, apenas uma vaga ideia.

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