27 novembro 2012

VISÃO ACTUALIDADE DA SEMANA

- O Ministro da Economia: o dr. Álvaro Santos Pereira adoptou um discurso contrário ao da austeridade a todo custo. Seria reconfortante acreditar que o ministro caiu em si e percebeu que a luz ao fundo do túnel só aparece com a reactivação da economia real e com medidas governamentais que a incentivem, já que as empresas estão moribundas ou apáticas. Mas, o que o ministro percebeu foi que a sua penosa estada no ministério não tem fim à vista porque a remodelação tarda e a queda do governo não é para já; percebeu que num discurso contrário ao oficial ganha em dois carrinhos, ou é afastado e se a economia em 2013 falhar (como se prevê) diz que ele é que tinha razão, se se mantém dirá que que as suas teses receberam um voto de confiança e se a economia falhar a culpa não será (apenas) sua, porque, como ele e nós sabemos, o que vai vingar como política é a austeridade cega (é o OE 2013 que o diz).

- A chantagem dos e com os mercados: Há semanas atrás a troika ameaçava não libertar a nova tranche para a Grécia se o Orçamento de Estado não fosse aprovado; o Primeiro-Ministro grego ameaçava que se tal não acontecesse não havia mais dinheiro nos cofres.
O orçamento que penaliza gravemente os gregos foi aprovado; a Europa continua em reuniões para decidir sobre a tranche; o dinheiro ainda não acabou nos cofres gregos.Os mercados reagem inalterados às notícias gregas, ora vão para cima ora vão para baixo.
Isto tem um nome: CHANTAGEM.

- Eleições na Catalunha: os neo-separatistas do CiU (neo porque são separatistas à boleia da crise), de centro-direita, não obtiveram maioria absoluta e perderam lugares no Parlamento, numas eleições oportunistas e populistas de Artur Mas. A Catalunha, o País Basco e o resto da Espanha estão condenados a entender-se: a industrialização da Espanha foi toda concentrada, ao longo de décadas, naquelas duas províncias porque as mais próximas de França e dos caminhos terrestres para a Europa; mas o principal importador das duas províncias é o resto da Espanha. Se as duas províncias se tornam independentes, a Espanha fica sem unidades industriais e a Catalunha e o País Basco de menos boas relações com o principal importador. Não deixa de prevalecer a vontade dos povos, mas estes têm de decidir informados e em consciência, nunca em emotividade conforme o apelo de Mas.

- Frase da semana: Estado social...dividir o mal pelas aldeias. Nos pormenores o PM revela-se. A concepção de Estado Social de Passos Coelho não passa de um estado assitencialista, mais propriamente de um estado IPSS, para tratar dos pobrezinhos. O Estado Social destina-se a distribuir o BEM pelas aldeias, em que se procede a uma redistribuição da riqueza através da cuidados primários (e secundários se o dinheiro chegar) que são pagos por todos, onde quem mais tem mais paga. Passos Coelho é denotadamente contra o Estado Social, faria bem em defender coerente e consistentemente a sua dama e deixar de se pronunciar angélico e compungido sobre aquilo que recusa.

- Livro da semana: A Piada Infinita, David Foster Wallace

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