23 fevereiro 2011

Livros de papel ou livros digitais?
Podemos considerar que o papel (desde a sua versão papiro) é o mais antigo suporte tecnológico de transmissão de informação com pequenas inovações cujos ciclos de vida são os mais longos de que há memória perdurando por milénios praticamente inalterado. Escapar-me-á alguma invenção, mas todos os outros produtos que utilizamos - ex: meios de locomoção, telefone, medicina, etc...- até têm livros, em papel,dedicados às suas evoluções e transformações ao longo dos tempos. Todos citarão que a grande revolução para a difusão da mensagem escrita se deu com a impressão mecânica. E mesmo assim o que evoluiu não foi o suporte de informação, mas a tecnologia da impressão.

O objecto livro, como o conhecemos, além de veículo de transmissão de informação que se pode transformar em conhecimento e/ou prazer tomou também outro tipo de funções: peça de valor (monetário), adorno, símbolo de afecto e outros que não me ocorrem. Tais desideratos não poderão ser atingidos com os Ipad e similares, que, quando muito, conseguirão apenas ter o simbolismo adicional do status enquanto não se banalizarem.

Gosto de ler em papel, sentir o peso do livro; gosto do desenho (de alguns) das capas; gosto das estantes que tenho repletas de livros; gosto da policromia das lombadas; gosto de procurar um livro de cabeça ao lado (irrito-me quando não o encontro). Quantos, no mundo, seremos assim?

No entanto, julgo que a escolha entre o papel e o electrónico não vai ser feita pelo consumidor final. O mercado irá ditar as suas leis. Alguém fez as contas, para a língua inglesa, como é evidente (mas o que é válido para o inglês é válido para o espanhol) que os custos de produção, distribuição e venda do livro electrónico são extremamente baixos. E se hoje distribuímos magalhães nas escolas, já pensaram que, tecnologicamente falando, os alunos, de qualquer ano ou curso, podem descarregar automaticamente todos os livros que necessitam para o seu curriculum escolar no exacto momento em que o professor da disciplina decidir o livro que quer seguir?

Eu, que sou da especialidade de telecomunicações, apostei que o telemóvel levaria 25 anos a vingar. Falhei redondamente. Ao fim desse tempo já estamos em plena 3ª geração e a entrar na 4ª. Não quero fazer apostas quanto aos livros digitais, mas que eles estão à espreita, estão. Prontos a atacar. E se não os pudermos vencer...

Fica uma questão em aberto: diminuindo os custos de produção, baixando o preço dos livros, mantendo (ou até subindo) as margens dos editores, distribuidores e livreiros, poderão também aumentar substancialmente os direitos de autor? Este sim, seria o verdadeiro grande contributo da revolução tecnológica de que falamos: permitir que mais produtores (autores) tivessem como profissão exclusiva a escrita e pudessem produzir em maior quantidade e, sobretudo, em melhor qualidade.

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