01 abril 2011

"O Feitiço de Xangai", Juan Marsé, Dom Quixote































Barcelona é um centro (escola) de artes. Habituados que estamos, por serem mais vusuais, aos seus pintores,arquitectos,designers, por vezes não nos damos conta do manancial de escritores oriundos da Catalunha que têm a cidade como pano de fundo da sua obra, sendo ela muitas vezes a personagem principal dos romances no modo como influencia os outros personagens humanos e o rumo da história.
Juan Marsé é um escritor catalão com vários prémios literário no seu percurso, tendo "O feitiço de Xangai" sido galardoado com o Prémio Nacional da Crítica, em Espanha, e o Prémio Aristeion, na União Europeia. Este romance (adaptado ao cinema em 2010) debruça-se sobre a vida de vários habitantes de um bairro de Barcelona em 1948 ainda num estado deprimente e deprimidos num cenário de pós-guerra 2ª Grande Guerra e sobretudo pós Guerra Civil espanhola. A história sobre fantásticos (no sentido de fantasiosos, excessivos) personagens, concentrando-os num mundo muito próprio como se a normalidade não existisse, transporta-nos ainda a Xangai numa rocambolesca aventura de "espiões", refugiados nazis, pistoleiros e máfias chinesas.
O romance é escrito (propositadamente?) em dois registos diferentes consoante o local, Barcelona ou Xangai. O autor disse em entrevista que trabalhava sobre imagens e desenvolvia os seus livros sobre elas. Efectivamente "desenha" as suas figuras de Barcelona tendo na retina o aspecto fantasista, visionário, até louco, da arquitectura pintura de Gaudi e pintura de Dali, Miró e tantos outros, enquanto a história de Xangai nos remete para a banda desenhada - "Tintin e o Lótus Azul", ou "Fu Manchu". Possivelmente se deverá ao facto de Marsé conhecer bem a sua cidade e o próprio testemunhar sobre o livro que nunca esteve em Xangai.
Um bom romance cujo primeiro terço (muito bom) requeria uma maior consistência entre as duas histórias, mas que não deixa de ser uma agradável leitura.

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