24 junho 2011

A casa de Massamá

Massamá, o nome da freguesia tem origem no termo árabe "Mactamã" (que significa "lugar onde se toma boa água, "ou "fonte ") talvez daí o seu aroma africano e a sonoridade com outras localidades desse maravilhoso continente: Mossulo, Moçâmedes, Moçambique. Massamá era, em tempos longínquos, local de paragem para os viajantes entre Lisboa e Sintra para aí descansarem e se dessedentarem.

A mais africana das terras portuguesas (talvez depois da Buraca, Amadora, Cruz de Pau, etc.) tem uma das mais emblemáticas casas do país onde, segundo reza a crónica, "Em Massamá tivemos períodos com muito pouco dinheiro, e a gente ia-se mantendo... Porque era um pessoal, de facto, muito resistente. Havia ali um ambiente de camaradagem, de despreocupação e maluqueira, isso havia." (Entrevista à Visão) e se "Mantém uma política de porta aberta, entrando «toda a bicharada» (expressão sua) – «malucos, marginais, bêbedos, paneleiros, lésbicas» a fama da casa onde vive, em Massamá, é terrível." (1)

E espanta-se o leitor, presumivelmente levado (no duplo sentido de movido a ler e de enganado) pelo chamariz do título deste texto. O cronista está maluco, dirão. "Está" já é favor, porque "estar" implica um tempo em que não estava ou que poderá não vir a estar. O cronista É maluco.

E maluco é também epíteto menor para o habitante da casa de Massamá, epíteto, aliás, com o qual, segundo parece, nunca teve problemas de convivência.

Luiz Pacheco, (que habitou uma casa em Massamá. Estavam a pensar em quem?) escritor, tradutor, crítico literário, personagem maior da galeria dos malditos, falecido em 2008 e celebrado nos media aquando da sua morte, merece que passem por lá: pelos seus livros, não pela casa.

(1)- segundo Carlos Loures

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