02 outubro 2012

VISÃO DA ACTUALIDADE DA SEMANA

- Remodelação governamental: Ninguém está interessado em que o governo caia neste momento. Ninguém dos costumeiros actores políticos: o PS não está interessado em que a crise lhe aterre nos braços; o PR não está interessado em ter de resolver a crise política; o próprio governo não está interessado porque ainda não terminou a sua agenda liberal.
Resta o caminho da remodelação. No actual estado de coisas quem se atreve a ocupar cargos governativos para seguir a mesma política? (Falo de gente capaz, não de uns tresloucados que para aí andam).

- Corre Portugal o risco de transformar noutra Grécia?: Os arautos da desgraça não se cansam de nos ameaçar com a helenização de Portugal. Da desgraça porque só nos apontam dois caminhos: sacrificarmo-nos como os gregos, ou sacrificarmo-nos como escravos. Seria bom que os arautos assestassem baterias, por exemplo, a exigir que o Banco Central Europeu pusesse de imediato em marcha o que anunciou com grande circunstância a 6 de Setembro: a compra de obrigações dos países europeus. Esta é uma alternativa, e não foi apresentada por partidos da oposição ou centrais sindicais.

- A falácia das medidas de substituição da alteração da TSU: As medidas de austeridade que se aproximam não visam captar qualquer receita que as alterações à TSU angariariam. Com a dita alteração o Estado arrecadaria a pindérica quantia de 500 milhões de euros (passivo do Benfica). Para cumprimento das metas dos déficites faltam muitos mais milhões. Logo se não tem havido movimento anti-TSU seriam as novas medidas de austeridade a adicionar à TSU.

- Catalunha: Portugal deve em parte a reconquista de independência em 1640 à Catalunha. Filipe IV teve de optar entre acorrer à rebelião independentista da Catalunha ou à de Portugal (a da Andaluzia também estava na calha). Esta questão não é oportuna, dizem, devido à crise do euro e das dívidas soberanas; mas ela surge mais acutilante precisamente devido à crise do euro e das dívidas soberanas.

- Frase da semana: "houve um tempo de impunidade, que acabou", declarações da ministra da Justiça sobre as buscas às residências de ex-governantes socialistas. A ministra julga, condena, apenas porque foram executadas buscas domiciliárias e pior de tudo porque a cor partidária é diferente da sua. Paula Teixeira da Cruz não faz mais do que dar voz ao princípio do fim da democracia em Portugal. E pensa-se impune.

- Livro da semana: Submissão, de Amy Waldman .

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