24 dezembro 2012

O ECONOMISTA DA ONU, "PODE ALGUÉM SER QUEM NÃO É?"

Como muitas vezes acontece, a fila para adquirir bilhetes para assistir ao concerto de um violista famoso,no Licoln Centre, em Nova York, era longa e demorada. Um homem mal-vestido, ar pouco lavado, assentou a sua banca junto da fila; colocou a boina para recolha de fundos; pôs-se a tocar violino. A fila seguiu lenta com pouca atenção dos presentes à música do provável músico de metro e poucos lhe davam algumas moedas. O violinista de circunstância era, nem mais nem menos, o prodigioso músico para cujo espectáculo as pessoas estavam dispostas a gastar horas para aquisição de um ingresso.

É por demais conhecida esta faceta da predisposição do ser humano para escutar mais as roupagens do que a substância das coisas.

E tudo isto a propósito da recente burla de um presumível economista da ONU entrevistado por rádios e televisões de referência, sobre a crise portuguesa. Não parecem ter sido totalmente descabidas as declarações do senhor "economista" e pecam apenas por não serem verdadeiras as credenciais com que se apresentava e não serem fundadas em qualquer análise da ONU.

A história em si não tem nada de extraordinário, é tão somente uma "peta" engraçada que se socorre de todas as técnicas na arte do engano. Apenas três conclusões:

1 - O que o "economista" disse poderia ter sido dito por milhares de outros cidadãos anónimos que não são convidados e escutados pelos media por que não vestem outras vestes que não a de anónimos (o que não significa que não sejam conhecedores);

2 - Os comentadores, colunistas, opinadores, sempre os mesmos sobre todo e qualquer assunto, são muitas das vezes menos verdadeiros nas suas afirmações, que se supõem fundadas e fundamentadas, do que as do dito "economista" ou das que qualquer dos anónimos cidadãos produziria.

3 - A performance do "economista" é tanto mais possível, quanto mais os cidadãos cederem o "espaço público" ao "espaço da comunicação social", que vai atrás de fogos fátuos e gira em redor de vacas sagradas. A sociedade civil, mais conhecida como povo, tem um "espaço", que é seu por direito próprio, e que tem de utilizar. Quando todos formos escutados, o burlão desaparece pois não precisa de se mascarar para ser ouvido.

(Atenção, brevemente poderá aparecer nas nossas televisões, em mensagem de Ano Novo, alguém "vestido" a fazer de Presidente da República).

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