21 janeiro 2013

POR QUE NÃO DEVE O PS PEDIR ELEIÇÕES

Existem mais do que razões para "despedir" o actual governo e, caso o "despedimento com justa causa" venha a ocorrer, a solução deverá passar por eleições e nunca por putativos governos com designações tipo de salvação nacional, de iniciativa presidencial, cujo o efeito é a prossecução de medidas não sufragadas pelo povo. E se por qualquer motivo o cenário de eleições se vier a colocar não há que ter medo da democracia por muito que possam agitar os espantalhos da crise, da credibilidade junto dos credores, da confiança dos mercados.

Se o que acima se diz é verdade, onde é que não colam as declarações dos mais altos responsáveis do Partido Socialista quanto há disponibilidade do partido para disputa eleitoral e capacidade para governar com o título desta crónica?

Atentemos apenas em alguns factos com menos de um mês de ocorrência: O envio de alguns pontos do OE 2013 para o Tribunal Constitucional; a desastrada mensagem de Passos Coelho (uma entre todas) de fim de ano; o "estudo" do FMI; a conferência da sociedade civil para debater a reforma do Estado. Estes acontecimentos que pela lógica , em cima da brutais cargas de impostos de 2012 e para 2013, teriam o efeito de estilhaçar o que restava do governo, parecem não passar de factos anedóticos e fica-se com a sensação de que o cenário de queda do governo já esteve mais perto do que aquilo que está. Até já Miguel Relvas volta a falar.

António José Seguro não está consciente desta recuperação de fôlego do governo, ou considera-a como melhoras da morte, e por isso declara-se pronto para governar. Mas o Secretário-Geral do PS(que já desbaratara um ano para criar empatia com os portugueses) não soube aproveitar o que Passos Coelho lhe entregou de bandeja no último mês: o poder afirmar-se como alternativa credível, sem referir moções de censura e eleições, o difundir ideias mobilizadoras e apresentar em definitivo uma ideia de Portugal de Futuro (não confundir com propostas avulsas que efectivamente tem apresentado, ao contrário do que querem fazer crer).

Em política (e não só), o que parece, é, e parece que António José Seguro joga na forte possibilidade de queda do governo num de dois momentos: chumbo por inconstitucionalidade das normas do OE 2013 ou derrota do PSD nas autárquicas. Só que o governo não se demite em qualquer dos casos. No primeiro, afirmar-se-á como não culpado e o ónus de mais confisco fiscal será passado ao TC; no segundo, relegará a derrota para segundo plano e não tirará daí nenhumas consequências porque em Setembro os mercados e os juros baixos avalizarão a política do governo (daí a insistência do discurso nos mercados).

Mas as razões pelas quais António José seguro não deve pedir eleições não se prende com taticismos políticos, mas com o simples facto, que a ser apresentado de início reduziria drasticamente a crónica: por que ainda não mostrou um plano para Portugal. É sintomático o que o Secretário-Geral do PS ofereceu ontem aos portugueses, em vez de um rumo, que os portugueses ficarão surpreendidos(agradavelmente, deduz-se) com o elenco governativo.

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