01 fevereiro 2013

DE QUE LADO ESTÁ O VENTO?

A falta de comparência a jogo de António Costa não se transforma numa vitória de António José Seguro, mas numa vitória de Pedro Passos Coelho. O Presidente da Câmara de Lisboa neste seu faz-de-conta-que-vai-mas-não-vai, deu a entender que não era a altura certa de afrontar Seguro, porque não existe a certeza de uma retumbante reviravolta em eleições legislativas, antecipadas ou não.

Passos Coelho é impreparado, é; Vítor Gaspar é ideologicamente alienado, é; Paulo Portas, é cristamente conciliador entre antigas posições do CDS-PP e novas necessidade do seu partido, é; Cavaco Silva é constitucionalmente ausente, é. Tudo isto, é, mas o PS não descola e quanto mais correr o tempo mais difícil se torna a descolagem. E precisamente o que faz com que não exista vaga de fundo no país em volta do PS é a oposição cinzentona do actual Secretário-Geral do Partido Socialista. É caricato, mas o que mantém António José Seguro na liderança do PS não é o ser um lídere da oposição forte, mas o facto de com a sua actuação queimar todos as vontades de lhe disputarem o lugar.

Contudo, António Costa pode ter jogado um trunfo, não ainda para ganhar, mas para destrunfar. É rebuscado, contudo pode ser assim: se se apresentasse como candidato-"surpresa" na reunião da passada terça-feira, seria apenas uma manifestação de desejo de poder, o que poderia cair mal nas hostes partidárias; depois de afirmar que tomará outra atitude se Seguro não unir o partido, o que ninguém sabe exactamente o que significa (colocação de pedras da oposição interna em lugares-chave?), poderá lançar o ónus sobre o actual Secretário-Geral.

Deste caso fica para estudo e para os manuais da Política e da Sociologia que numa ocasião em que a esmagadora maioria de um povo está contra um governo, em que pela primeira vez nos últimos quarenta anos "somos nós contra eles", não sobressaia uma força agregadora de toda esta vontade de mudança.

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