23 março 2011

O debate sobre o PEC IV

O debate sobre o PEC IV era perfeitamente dispensável. Os discursos, as intervenções são exactamente iguais a tudo o que ouvimos durante quase uma semana quer pelos intervenientes, partidos, Governo, quer pelos comentadores e analistas políticos. O PEC foi hoje discutido onde deveria ser, no Parlamento, onde o povo está representado, mas do debate nada saiu que resolvesse os problemas económicos e financeiros do país. O país ficou entre a espada e a espada.

O único facto relevante foi o pré-anúncio de demissão do Primeiro-Ministro ao abandonar o hemiciclo depois do discurso de abertura de Teixeira dos Santos.

Para não dar por tão desperdiçar o tempo dos deputados (e o dinheiro dos contribuintes) com alguma benevolência podemos considerar que o debate teve uma utilidade: descobrir ao que se resumirá a campanha eleitoral dos diversos partidos. Pela primeira vez, os partidos do chamado arco do poder, PS, PSD, CDS, não prometerão melhoria das condições de vida (não acredito que cheguem a tal despudor). O PS, com o Eng.º José Sócrates na liderança, só poderá prometer o que seria a continuidade deste Governo e responsabilizará os partidos da oposição da crise política; PSD e CDS só poderão prometer medidas severas de austeridade (Passos Coelho já admitiu hoje subida de impostos, caso o PSD venha a ser Governo), mas dizendo que são mais competentes e que com eles o país terá credibilidade internacional e responsabilizará o Governo e o PS pela crise financeira.

Pela primeira vez, desde o 25 de Abril, a campanha não será a campanha alegre, os partidos, se quiserem ser sérios têm apenas para oferecer o que Churchill prometeu aos ingleses na 2ª Guerra Mundial: sangue, suor e lágrimas.

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