26 março 2011

"Baudolino", Umberto Eco, Difel

Umberto Eco escreveu um delicioso romance, "Baudolino", sobre um jovem campónio com muita lábia que se faz cair nas boas graças do Imperador Barbaroxa chegando a tornar-se seu filho adoptivo. Encetando viagem a paragens longínquas, como que por encanto ou obra do acaso as suas fantasias e aldrabices vão-se tornando factos históricos, ou seja, verdades.

Perante as primeiras páginas dos jornais de hoje e as notícias televisivas será que as fantasias dos nossos políticos (ora sobe o IVA, ora não sobe, ora vem o FMI, ora não vem) terão o mesmo destino que as de Baudolino.

E de todas as notícias a que mais assusta é "Cavaco convence Passos Coelho a desistir de auditoria às contas públicas" secundando "Comissão Europeia não quer auditoria". Percebe-se porque é que assusta: teme-se conhecer a verdade em toda a sua extensão.
Diz-se que não convém ter uma fotografia mais correcta da realidade porque isso pode pôr ainda mais em causa a nossa credibilidade e assustar os mercados. Mas, os mercados são feitos de gente como nós que perante as notícias publicadas reagem com a mesma (des)confiança com que nós reagimos.

Em tempos difíceis, para alguma descontracção e paz de espírito, ler com atenção o romance de Umberto Eco e deliciar-se com o seu universo fantasioso, onde não falta uma história de amor, pode ser um bom remédio.

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