Umberto Eco escreveu um delicioso romance, "Baudolino", sobre um jovem campónio com muita lábia que se faz cair nas boas graças do Imperador Barbaroxa chegando a tornar-se seu filho adoptivo. Encetando viagem a paragens longínquas, como que por encanto ou obra do acaso as suas fantasias e aldrabices vão-se tornando factos históricos, ou seja, verdades.
Perante as primeiras páginas dos jornais de hoje e as notícias televisivas será que as fantasias dos nossos políticos (ora sobe o IVA, ora não sobe, ora vem o FMI, ora não vem) terão o mesmo destino que as de Baudolino.
E de todas as notícias a que mais assusta é "Cavaco convence Passos Coelho a desistir de auditoria às contas públicas" secundando "Comissão Europeia não quer auditoria". Percebe-se porque é que assusta: teme-se conhecer a verdade em toda a sua extensão.
Diz-se que não convém ter uma fotografia mais correcta da realidade porque isso pode pôr ainda mais em causa a nossa credibilidade e assustar os mercados. Mas, os mercados são feitos de gente como nós que perante as notícias publicadas reagem com a mesma (des)confiança com que nós reagimos.
Em tempos difíceis, para alguma descontracção e paz de espírito, ler com atenção o romance de Umberto Eco e deliciar-se com o seu universo fantasioso, onde não falta uma história de amor, pode ser um bom remédio.
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