18 fevereiro 2012

Grécia, 1977

(Templo de Júpiter, Cabo Súnion)

Passei dois meses na Grécia a fazer um estágio na empresa de electricidade grega,em 1977, três anos depois do fim da ditadura do Estado Novo, em Portugal, três anos depois do fim do regime ditatorial dos coronéis, na Grécia.
Quando os gregos sabiam da minha nacionalidade, português, estabelecia-se uma comunhão, havia uma simpatia redobrada, havia um sentimento de pertença ao mesmo grupo dos recém libertados. Assisti ao primeiro grande concerto de Mikis Theodorakis em Atenas depois da queda da ditadura. Talvez não fosse o primeiro, ou eu não compreendesse grego suficientemente, ou, porventura, eu quisesse muito acreditar que iria estar presente num momento singular. O ambiente era o de um concerto do Zeca Afonso. Lá, como cá, não era a música que contava, eram os símbolos da resistência.
E aprendi a dizer a palavra de ordem, soa assim laos enomenos poté enekimenos (o povo unido jamais será vencido).

Tenho esperança de um dia voltar à Grécia, com o mesmo espírito, o mesmo ambiente. Talvez me saúdem com entusiasmo por eu ser português. Gostaria de me voltar a sentar ao pôr-do-sol, no Cabo Súnion (onde fiz o estágio), a contemplar o templo e a beber ena portugal - uma laranjada (foram os portugueses que levaram as laranjas para Grécia).

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