15 fevereiro 2011

"A rapariga dinamarquesa", de David Ebershoff, Porto Editora

Há dias assim. O azar bate à porta e não há nada a fazer.
Normalmente pego num livro e, mesmo que em trabalhos forçados, levo-o até ao fim. Raros, raríssimos são aqueles que deixo a meio.
"A rapariga dinamarquesa", de David Ebershoff, 2000, editado pela "Porto Editora" em 2010, atraiu-me pela sinopse e curriculum do autor, bem como pelo tema tratado, a operação para mudança de sexo levada a cabo por um pintor dinamarquês Einer Wergener, na primeira metade do séc. XX e caiu, talvez sem culpa, neste meu pequeno catálogo de livros com leitura por acabar.
Apesar de ser pouco curial dar uma opinião definitiva sobre algo que não se conhece (pelo menos na totalidade), atrevo-me a reflectir sobre as primeiras 100 páginas do livro.
O autor, David Ebershoff, tem um bom começo, mas de seguida a história desenvolve-se numa espécie de círculos concêntricos numa tentativa de explicar os primórdios da situação que desembocará no que (antevejo) será o desfecho. Esses círculos seriam justificáveis se cada um deles aportasse realmente algo de novo e, metaforicamente, poderiam até ser entendidos como cada uma das camadas da personalidade de Einer que se vai desvendando conforme se vai interiorizando (aliás, exteriorizando) a vontade de mudança de género.
De notar, ainda, que um tema como este, acrescendo-lhe a época em que se passa, coloca um confronto pessoal com o próprio e com o exterior que necessitaria de uma escrita com uma intensidade dramática muito mais intensa desde o princípio ao fim do livro e que está praticamente ausente nas primeiras 100 páginas.
Há dias assim, vou colocar o livro na estante no lugar dos não-lidos. Merece uma segunda oportunidade porque o livro tem uma personagem que me parece fascinante, Greta, a mulher do pintor, Greta.

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